Da mesma fonte de onde partimos,
onde esperamos chegar, por sorte ou destino,
atravessando a própria ciência e existência humana
e as paredes simplesmente frágeis,
flui puro pelas passagens
o ventre do verdadeiro amor.
É de onde me agarrou a alma cega
e fez sua artimanha, plano de fuga,
fisgou da terra a luz toda
e levou a olho de moça nova:
eis ali na curva do coração,
foste meu verdadeiro amor.
Mas quando encosto-me no quadro da memória
não há certeza de mais cousa, nada.
Deito frio e acordo morto
cada pouquinho só mais louco,
cadê o sangue partido, o bem-perfeito
indefecto, és tão minguante assim,
és meu verdadeiro amor?
O mal que atravessou séculos
deu-se seu jeito até mim.
Não dói; queima.
Mas morimbundo que saio,
passos retos nas calçadas viradas
e no enxame do pensamento ininterrupto
interrompe-se-me de súbito.
Não és, pois, a face parda trancada à rua
e que recomeço a reconhecer, não é vero?
Serás tu o meu amor verdadeiro!
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Mentiras que nos contamos
| marcado em poesia | Este texto foi postado às 22:33 e está marcado em poesia . Você pode seguir os comentários através do Feed RSS 2.0. Você pode também deixar um comentário, ou linkar do seu site.
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2 comentário(s):
ui ui uui, pretty damn good!
Gostei.
Achei bem interessante, pra falar a verdade..
gosto quando tu escreve dessas.. (A menina e seu sorriso - na minha visão é parecida, pelo menos)
Bom, até mais!
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