tag:blogger.com,1999:blog-72123057529370214432024-02-20T06:15:12.085-03:00Tecnicolor DreamsPoesia, conto e crônica no mesmo lugar.<br><br><br><br><br><br><br>Tudo aqui é escrito por Jules.Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.comBlogger95125tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-2167758570158412722009-06-21T20:02:00.003-03:002009-06-21T20:08:31.130-03:00Ode perdidaEsta é minha odedestinada às coisas vivasque permeiam meu solo.Viveis por todos os lados.Tarde mesmo aterrisa o recado.(antes tarde do que a morte)Viveis a vida num repartono sol ou na penumbrae, num mesmo coração gelado,sois enfim levados à tumba.Mas viveis!!! e havia vida, naquela época!!!Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-38171271737363208202009-06-21T19:31:00.002-03:002009-06-21T20:01:15.464-03:00O meu tempoEis que me curvo e suplico:para com as águas deste momento!Sou apenas um homem minúsculonuma cadeira minúsculano dia tão, tão minúsculoque minuscularei pro resto da vida.A vida não corresponde. A vidame furta o tempo sem calor, amarrotadoe já depositado nos bolsos.Todas as minhas inquietações aí,outrorgadas ao ar, coletando poeiras...e eu, corpo velho e perdido- senhor senhor devolva-me Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-42964561519275851522009-06-08T19:25:00.003-03:002009-06-08T19:33:30.697-03:00Quem ama a coisa amadaQuem ama a coisa amadae sofre seu desamorhá de ser a coisa erradaque alimenta sua dor;em seguida, abandonada.Quem adoece de delírio,da falta do chão à frente,traça de pano inconsistenteos laços do corpo empírico,morada do coração batente.Quem cumpre a vã promessaou pena da vida corretapromete-se à rosa, e por essatraça uma linha infinita e reta;pede-se (por medo): não a meça.Quem recorre ao Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-30690544745284451112009-06-02T20:40:00.002-03:002009-06-02T20:44:53.365-03:00Cidade sitiadaMeu peito se abree integra a cidadelae compõe o sol poenteno coração do mundo.Feixes de luz no escuro...sombra toca a mão da sombra...olhos que se perdem nas águas...toques já perdidos no tempo...a chuva leva silentes desejos azuis pelacolina, colina abaixo, dia negro...dia surdo! Dia cego!Olho as pernas, os medos, os...estirados no calçadão centralpegando bonde, chegando cedoonde não precisam Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-67219346359526467342009-06-02T20:35:00.003-03:002009-06-02T20:46:23.695-03:00Silêncio de pedraEstá um silêncio de pedraneste espaço enorme entre pése no frio que une-se ao calore vai, cinza, assustar os prédiosda contabilização oficial.E num concreto momentoescapo do corpo e deitonuma cama de pano...sob um campo tão alto...e numas nove cores descanso.Procura seguir o ferro e a linha!Procura voltar teu episódio!Quanto espaço! Quanta vida inda guardada!Nas pesadas janelas, nos cofres Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-12978744641636821802009-05-27T21:02:00.002-03:002009-05-27T21:30:24.593-03:00Poesia de meu tempoHá muitas vozes.Me chamam e não vejo,há ademais muitas vozes!Eu aqui posto em meulugar, diante do espelho,e eu perguntando ao pó:onde fui parar?Em que estação desci?(verão, o romance, e outono, o fogo)Há muitas vozes! E me convocam!Me contam velhas notícias.Me deixam às sombras do banco.Entre dois dias me prendoe me ilumino muito pouco.A dor é só fingidao vento voa imaginadono marginal indício e Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-56717307740568504962009-05-17T13:14:00.002-03:002009-05-17T13:20:22.803-03:00Esta terraNa janela, um vento que ruge pra dentro de casa.No cristal, uma paixão antiga e descolorida.Descobri a forma de uma paixão,mas como mantê-la?Se minhas mãos são pequenas,se eu todo me compresso em minha pequenitude,sou ínfimo e me exponho, sem motivos.Quem sabe um dia volto a ser,e essa fenda e essa magnitudecompletarão de vez a vida inteiriça.Sob a camisa vermelhasob o peito sem disfarceseis o Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-43422857129249357232009-05-17T13:01:00.002-03:002009-05-17T13:10:12.558-03:00FacetaO mundo é grandee pordemais vastopara poder me calar.Quando deito,quando levanto e quando me enterro,meu coração só quer explodir.(sou todo explosão)Pra quê o mundo?Se nasci pequeno e sem árvores...Minha liberdade foi perdida ou é nula...Por isso em casa percebo amores...Não sei usar as mãos como tesouras...Queria só a paz duma casinha escondida!Sim! Como queria!!Mas agora é tarde, mundo meu,e Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-32949856953480334352009-05-05T19:20:00.002-03:002009-05-05T19:26:50.535-03:00Passagem noturnaAi minha amada,que faremos agora?A noite surgiu galopantepra me deixar cego e perdidopra te levar embora consigo;e agora?Tenho medo, e te chamo.O crepúsculo já deitou o fogo,o verão perdeu sua naturezae a certeza do luar me alerta.No silêncio, o canto de um sombrio pássaro.Esse mundo agora é só camada gélidade ar petrificado pelo anúncio do amanhã.Tudo dorme. A chuva é rio de sono.Tudo morre, e Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-61452238040375727112009-04-29T23:01:00.002-03:002009-04-29T23:03:41.657-03:00PoeminhaMeu amor não é segredoque não cato pelo medodesta luz, deste luar.Proteção de sete lados,enquanto os deuses jogam dadosentre a selva e o mar.Não me prendo à verdadeneste mundo de maldadeque ressoa a solidão...Ai! Mas o que digo?Acordei pra ver perdidoo que chamava coração.Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-33094512209103131132009-04-29T22:59:00.000-03:002009-04-29T23:01:24.549-03:00Poesia femininaNunca realmente acreditei em poesia feminina.É irreal, um fantasma.Nunca cri que minha mão fosse esta água-viva.Acho que meu corpo entortou-se pelos tempos...Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-41233497637108522122009-04-29T22:51:00.003-03:002009-04-29T22:59:50.629-03:00Consternação da vidaFecho os olhos.A cabeça dóia mente parafuseiauma nova espéciede mensagem subscrita.Um cubo? Um triângulo?Negros, percorremos céus e determinamo final da viagem,o início de umasombria camada sobre nós.Me chamam. Não ouço.Derreto, escapo pelasdescascadas paredesmanchadas pela vida.Pela vida? Pelos homens?Qualquer jeito de abraçocego e mornoinda é projetode afeição, levementetorto pelo medo.Um Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-53182264166642784932009-04-26T11:01:00.003-03:002009-04-26T11:08:09.127-03:00FloresceuContraio-meminimizo-me, perco-mediante do arsenal que me é apontado.Sou mais um subjugado dessa Máquina.A Máquina não julga.A Máquina não escolhe.Sentado, perco a postura e choro.Sombras me atingem como caminhões no escuro.No refúgio é tarde demais,e tudo é lástimaminha face é lástimae poeira que flutua e vai pousar onde...Descobri a fraqueza nos meus músculos,meu chapéu não mais me cobre.O povo Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-87534492684171993272009-04-26T10:54:00.003-03:002009-04-26T11:01:51.897-03:00É tempoÉ tempo de chover as estações,numa rua me somar aos foliões.É tempos da língua. De um brevecontato entre corpo e âncora.É tempo do farol recortar oceanose de um velho sabor fresco.É tempo das ovelhase não dos lobos.É tempo de promessas às cegase de um grito novo, heroico.É tempo de focar a luz bêbeda,intrinsecamente minha, nos papéis.É tempo da viagem adormecidasob séculos e séculos e séculos.Ah,Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-7792996185188047872009-04-20T20:44:00.002-03:002009-04-20T21:03:14.512-03:00Curiosa semelhançaAs horas se empilham, gastas.Teus dedos envelheceram. Teu sangue, eas embalagens de leite também.Outrora tu fostes um livro engomado,agora vês o dia como amigo.Algumas coisas permaneceram.O melancólico jornal reduz aindao dia atual. A mulher encarrilhaainda o mundo girante.Mas tu eras alheio, ignorante, felizaté. E agora tens de batalharpor tudo, pela honra e pelo pão.Os homens deitam, evoluem,osJuleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-87894340845191524042009-04-14T23:57:00.001-03:002009-04-15T00:07:09.532-03:00Pra morenaMorena desfila no calçadão.Morena é minha, cem por cento minhaem pensamento.Quem me dera, morena, quequanto teu homem e seus dedos- o ilustríssimo Dr. Ribeiro Prata -não te alcançarem mais, morena,tu me visses no banco do caféme chamasses à dança (e eu iria)me chamasses à casa de pedrame chamasses à noite, morena;por ti só, me calo de emoção.Meus olhos te engolem em cada beco.Minhas mãos se Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-19736702150003862872009-04-14T23:51:00.001-03:002009-04-15T00:02:25.677-03:00RessureiçãoPasseio só à tardeàs margens mudas do lago.Mas não há um peixinho sóque explique a paixão que trago.O sol conduz o horizonte;sei que a lua chega logo.Porém persiste o fogo errantedesta paixão que agora afogo.A brisa morna do céu laranjaaquece as frias mãos sem tato.Atrevo-me; peco. Com as mesmaspuras mãos, a paixão eu mato.Observo meu reflexo: o que foique fiz? Amargo fujo e corro,pois da Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-10428618167198143652009-04-14T23:45:00.001-03:002009-04-14T23:57:49.806-03:00PensentirPensamos, sentimos,pensentimos (e etc) tudo,até mesmo o sentir proibidoe o pensar fundalmentalmente estúpidoque é uma mandrágoramil-folhas laranjamareladosoprando o açúcar (emdiversas ondulações sobrepostas)do ato de soprar (e éo sopro que aqui age)teus cabelos miraculosos:haja audácia!A primária ponta do dedo(já fora do risco de ser corpo)é que toca este azul veludo.Pura sensaçãofalsificada, Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-53434160034976274562009-04-08T18:59:00.003-03:002009-04-08T19:07:38.154-03:00A hora de JoséJosé queria ir a Parisver o mundo da gente sériamas acabou em São Paulo; ummiserável meio à miséria.José sonhava em ser escritorpoesia prosa romances váriosmas seu destino o fez registrarnum cartório os obituários.José atrás de um amorpra da casa fazer ninho;mas seu coração amargo o fezpassar a vida a ser sozinho.Na hora errada, no lugar errado,indago-me:quando é que chega a hora de José?Zé Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-70607599606098316002009-04-06T19:59:00.002-03:002009-04-06T20:01:28.205-03:00Amor projetadoBraços se deramdedos se roçaramna cama adormeceramuma noite trespassoue o dia veio chamartranslucidamenteformeque agora já é mui tardese ele quer só Mariase ela chama por João.Entre eles, o eco infinitodo amor projetado torto.Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-61772006864763738242009-04-06T19:56:00.002-03:002009-04-06T20:02:59.772-03:00NoivilboA vida voa numa virada,para ver: nos esquecemos.Esquecemos de que toda segunda vezé uma nova primeira, um novo fogo,e de que toda segunda-feirarelaxa na rede, nos convocando.A vida é pura dor, dor concentrada,mas qual, muito antes mergulho incertonesse vale que é o esquecimento...repenso: fica aqui comigo dor,algo ainda é memória do meu amor,seja lá o que for.Plano as borbulhas do amor Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-89197455139668243762009-04-01T19:40:00.002-03:002009-04-01T19:54:56.643-03:00Passos n'águaEle olhava, olhava para todos os lados. Naquela mesma rua, onde ninguém mais ousava dizer nada. Estava chovendo leve; trouxera um guarda-chuva. Descia a rua praticamente deserta. Havia vitrines, havia luzes vindo de todas as direções. E a sensação de que havia algo de errado com o mundo e com o peso do ar não lhe deixaria nunca mais.Ele pensava, pensava sério através do silêncio da cidade. Não Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-25573281118087169632009-03-31T19:17:00.002-03:002009-03-31T19:26:43.575-03:00Canto calmoCanto calmo pois aprendi que o canto é meu destino.Colho lento as coisas derrubadas por aí.Vejo róseos braceletes em certos braços distantes.Canto sobretudo pelo momento e por seu brilho.Perco olhares distraídos neste céu de descobertas.Curiosas estrelas vêm me contar dos séculos.Escondo-lhes meus segredos: entenderiam bem demais.Construo o meu palco conforme moldo meu destino.Sou uma marionete? Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-49612913274633463542009-03-31T19:13:00.002-03:002009-03-31T19:17:05.769-03:00Pequeno marO mar serve de mensageiro, e anunciameu retorno. Sou navegante no escuroe no escuro estou.À manhãzinha, deixo meu adeus, até logo...até amanhã, e o amanhã chega nunca.O quão triste é deixar meu amoraos caprichos alheios?Na praia cinza destróem-se de vezo total de meus anseios.E no sal repercuteno sol queima, lenta,a acidez do longe.Juleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7212305752937021443.post-61599788833056979002009-03-27T21:56:00.001-03:002009-03-27T21:58:59.131-03:00Há poesiaHá poesia em tudo.Há poesia no sapato,no sol e no ladrilho.No cachorro, há poesia.No gato; na abelhae nos velhos sabores também.Há poesia nas metralhadorase nos tambores de guerra, agorarufando, comunicando o poema.No amor, na invasão,no invisível, nas marése no casaco.Pura vertigem, essa terra,ao se converter à vontadedo poema.Poesia da madrugada, sub-reptícia,do raiar e da lã:bom que é vê-la aíJuleshttp://www.blogger.com/profile/07849415495529006204noreply@blogger.com2