terça-feira, 25 de novembro de 2008

Obituário às três e trinta e sete

É o modo com que o mundo
nos bota livres em um palco morto,
e, na audiência, o destino e a miscigenação
no eterno confronto e jogo
do fogo que arde a lamber-se à vida.

Tudo que é espaço e aéreo
e que não nos pertence por saída,
antes por inquisição própria e tormenta sadia
é que não existe. E logo abandonamo-os
sem desconfiar à cara simples
a figura no espelho dinamitado.

E as montanhas vão a premiar o silêncio
que os sucumbidos formaram ao darem as mãos.

A experiência ecoa e coça e róe-se.

O chão deixou de ser batido e passou a bater.
A idéia deixou o posto esculpido e deu de morrer.

Pois há cinza nos céus impávidos
e a glória afrouxa seus limites
e a força percebe-se fraca em nosso peito.

É quando morremos, pasmos;
mas numa existência há mais mortes infindas
carcomendo os órgãos pela raiz lenta e viscosa
do que se contaria numa vida vivida toda.

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