segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Músicas à parte

Música. Teroicamente falando, música é uma ciência exata, com tons, escalas, notas, bpm, e etc., tudo no seu devido lugar. Mas ninguém está aqui pra teorias, porque, na prática, a música é um turbilhão de sensações e sentimentos. Amor, ódio, felicidade, melancolia; está tudo lá, pronto para ser ouvido. Desconheço criação humana que reúne tanta emoção aglutinada, espremida em faixas de 3min. É magia.

Para mim, música é uma coisa simultaneamente gigantesca e modesta. Eu fico fascinado com a maneira que alguns acordes, vozes e sons podem, sem prévio aviso, mudar o nosso humor de ponta cabeça. Fascinado mesmo.

Podemos estar cabisbaixos e infelizes, mas de uma boa canção é o que, de fato, precisamos. Ouvimos então ela. É a deixa para que, rapidamente, um sentimento intenso nos domine. Sorrimos feito bobos. As cores voltam ao nosso redor. Certas músicas nos trazem alegria, espantam a tristeza de maneira tão pura e viva que causam inveja nos antidepressivos.

Eu sei exatamente quando preciso de um pouco de música para mim. E sempre que ouço, acabo sorrindo pro nada. Música tem disso, de nos deixar mais felizes, aliviar um pouco o peso que carregamos sem nem saber direito o porquê.

Ou então, o opsoto. Estamos na nossa, serenos e calmos - até que ouvimos uma canção; ah! É aqueeela canção, ah meu deus, me segura senão eu choro viu, poxa, daí já é sacanagem. A música pode nos deixar tristes, verdade, mas pode chorar que é permitido. Algumas coisas só curam depois de muitas lágrimas derramadas.

Pode ser que você tenha se lembrado daquilo que queria poder esquecer, ou daquilo que nem lembrava mais. Daquilo que jamais queira esquecer, talvez. Músicas têm o poder de adquirir um significado intocável para as pessoas. Elas podem lembrar-lhe de alguém, ajudar-lhe a esquecer alguém, ajudar-lhe a fingir que esse alguém não te diz respeito, entre outros.

Vai ver ainda que você chore ouvindo algo e nem saiba o motivo. Pode ter sido a beleza da música - afinal de contas, também é arte, uma das mais belas por sinal -, ou apenas deu vontade mesmo. Nenhum problema em chorar pro nada da canção. A única vez que eu o fiz, aliás, foi também sem saber o porquê. Algo na música mexe com a gente lá na nossa parte mais funda, que nós também desconhecemos.

E quem aqui nunca escutou uma música e pensou que foi feita para você sob encomenda, pois dizia exatamente aquilo que você estava pensando, querendo ou sentindo? Eu devo fazer isso umas 3 vezes por dia, pelo menos. Músicas são a forma de expressão mais honesta, na minha opinião. Músicas intensificam tudo aquilo que envolvem. Deve ser por isso que criaram as peças musicais. Se apenas com o teatro fica algo faltando, combinando-o com a música já fica sobressalente.

Claro que nem todas as músicas nos despertam tais emoções. Algumas canções que estão aí presentes na mídia pecam na falta de emoção, falta de devoção à própria música. São só batidas conseqüentes, monótonas, sem aquela busca pela sonoridade nova e emocionante. Chorar ouvindo um batidão funk então, só se for descascando cebolas junto. Mas mesmo tais "músicas", se não conseguem nos emocionar, ao menos nos convidam para dançar. Afinal, o ritmo está óbvio.

Música é algo surreal. Às vezes penso que vivemos para a música, vivemos procurando aquela perfeição de sons, ritmo e afinação. Existe, sim, muito mais no mundo do que a música, mas é ela que chega mais fundo. Ela vem quando nos encontramos mais vulneráveis, justamente quando ouvimos música. Percebe? A música que você escuta dita nas entrelinhas de seus versos - mesmo que não os tenha - um jeito de ser, uma maneira de viver.

Que você segue.

Às vezes é sem perceber mesmo.


(Originalmente publicado em 05/02/2008)

1 comentário(s):

disse...

tipo, oi, muito bom! haha, nem sei o que comentar, só pra demonstrar o meu apreço mesmo. E porque eu concordo com tudo, sem tirar nem pôr. anyway, muito bom.