terça-feira, 4 de novembro de 2008

24 horas na rua do Castelo Verde

A rua do Castelo Verde,
sempre formada de memórias
e clarabóias que se perde
sem descontar uma, nenhuma glória.

Os sorrisos são mais brandos
na rua do Castelo Verde.

As torres nos espiam lá do alto,
fingindo um perdido fauno
neste inverno coeso
da rua do Castelo Verde.

Os homens causam calafrios,
as mulheres eriçam seus pêlos
e terminam suas conversas em beijos,
sob o luar eterno e reformado
brilhando as calçadas do Castelo Verde.

A noite se esvai, esfumaça, dilui-se
em saliva salgada
em fome doce
e as moradias e as vozes:
o nome é união.

O mato e a dor não concordam
na rua do Castelo Verde.
As esquinas fundem-se às estrelas
que existem acima da chuva,
fino grão revigorando a terra
(esta agradece em sussurros).

Os prédios sucumbem ao vazio
que dele compôs-se a sombra
fustigada e irritada
à luz do lampião.
Acontece que há lampiões
na rua do Castelo Verde.

As velas corroém sua cera
choram-lhe-a, fraca,
todavia inda acesa
(sempre acesa).

A pedra-mãe do caminho,
esta calçada e esta lapa;
marca de que a rua do Castelo Verde
é deveras material.
(É ilusão não, senhor!)

O borrão de luz que segue
afugenta o amor de seu descanso;
foge corrido e concorrido
ao raiar da manhã.
As passarinhas anunciam:
há um recomeço à disposição de todos nós.

Não existe castelo algum
na rua do Castelo Verde.

1 comentário(s):

disse...

beeeeeeeeeeeeeeem legal e muito bem escrito, como sempre :)