quarta-feira, 1 de abril de 2009

Passos n'água

Ele olhava, olhava para todos os lados. Naquela mesma rua, onde ninguém mais ousava dizer nada. Estava chovendo leve; trouxera um guarda-chuva. Descia a rua praticamente deserta. Havia vitrines, havia luzes vindo de todas as direções. E a sensação de que havia algo de errado com o mundo e com o peso do ar não lhe deixaria nunca mais.

Ele pensava, pensava sério através do silêncio da cidade. Não havia muitos prédios, hão havia quase nada. Ora! Seus passos pesados nas poças encharcavam seus sapatos completamente. "Mas que droga". Mandara-os para conserto inda esta semana... sua cabeça parecia-lhe pesada; à mente, parecia insuportável a ideia de um pensamento claro e iluminado, aqui...!

Ele errava, errava e cria que mais ninguém ao seu redor sentiria a dor - talvez por não haver deveras ninguém ao redor. Só o carro passando silente, tímido, pequeno, e foi. Só sua dor a carregar-lhe. Mas não havia ninguém! Ninguém a lhe explicar!... Persistia no erro.

Foi subindo a rua e observando as cores de dentro. à sua frente; cinza. O dia já nascera frio e quieto. E nessa chuva, e nessa névoa... "Eis um problema. Um problema formidável, este tempo suspenso...", pensava só, mão no bolso. E sua tristeza hoje o inchava porque estava cansado. Mas já amanhã...

4 comentário(s):

Luara Quaresma disse...

Voce escreve intensamente bem.

robson disse...

gostei do fato deter ligado a chuva com a solidão que assolara o personagem e seus pensamentos, tens boas habilidades para isso parabéns

mills disse...

e foi! de novo :D
olha, tu tá ficando muito pop, jules.

Anônimo disse...

Pra te provar que eu passo aqui, eis o meu comentário.
Olha o filme ensaio sobre a cegueira, teu texto me lembrou dele.
Um beijo pra ti querido.
Rafaela.