terça-feira, 9 de setembro de 2008

Fuligem fugida

Fuligem fugida.
As árvores e natureza
em todas as suas particularidades
não passam de fuligem fugida.
A madeira, que corre pra longe desse mato
enroscada em caminhões, não passa;
passa pelas fronteiras.

E me preocupo com a flor
nascida do inmundo tempo.

E me preocupo com o macaco, a
passarinha, o
jacaré, o
flamingo.

E me contorço e me reprimo e
minha voz berra surda os ideais
de meu mato córrego, trôpego,
o índio que virou gente
e perdeu sua parte humana.

O comboio todo misturado,
é fogo! na mata! em nós.
E vai, e vão os paus virarem fuligem,
escada, mesa, papel.

Do papel que vos escrevo
ainda resta um pouco o cheiro
da minha fuligem da mata fugida.

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http://www.amazoniaparasempre.com.br/ - é, tento fazer a minha parte.

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