Ai minha amada,
que faremos agora?
A noite surgiu galopante
pra me deixar cego e perdido
pra te levar embora consigo;
e agora?
Tenho medo, e te chamo.
O crepúsculo já deitou o fogo,
o verão perdeu sua natureza
e a certeza do luar me alerta.
No silêncio, o canto de um sombrio pássaro.
Esse mundo agora é só camada gélida
de ar petrificado pelo anúncio do amanhã.
Tudo dorme. A chuva é rio de sono.
Tudo morre, e ninguém ou nada arrisca existir.
Tudo vive, sob lençois, sob o mato.
Tenho medo meu amor, o mundo é disperso,
é espuma venenosa. Enxergo branco.
Nas ruas sub-iluminadas há só
a pesada névoa do cansaço.
Mas dentro de casa
mas dentro de teu peito, enfim,
uma flor abre em sutil exclamação.
Teu abraço é minha única salvaguarda.
Se sobrevivi à passagem, foi só pra berrar à aurora:
vivo!
terça-feira, 5 de maio de 2009
Passagem noturna
| marcado em poesia | Este texto foi postado às 19:20 e está marcado em poesia . Você pode seguir os comentários através do Feed RSS 2.0. Você pode também deixar um comentário, ou linkar do seu site.
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3 comentário(s):
oolha, esses abraços aí, né, mas tudo bem.
:)
Belo poema! ;D
só por que a gente passa um tempo sem vir... ÓTEMO
inspirado na tristeza, oxe?
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